sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Acordo ortográfico

Dia Internacional da Erradicação da Pobreza II

Como já tem vindo a acontecer nos dois últimos anos a Escola Secundária Francisco de Holanda comemorou o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, este ano com um flash mob organizado pelos nossos jovens assim como uma recolha de alimentos para aqueles que deles precisam e que vivem mesmo “ao nosso lado”.


Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza Extrema No dia 17 de outubro, à semelhança do que tem vindo a acontecer nos dois últimos anos, a Escola Secundária Francisco de Holanda uniu-se no combate contra a pobreza, lutando por um sonho: “O MUNDO QUE QUEREMOS”. Assim, com a equipa da biblioteca trabalhou um grupo de jovens que organizaram um flash mob, que teve lugar no espaço aberto da escola, apelando à luta contra este flagelo, que é a pobreza que atinge, hoje, um número infindável de famílias. Foi, também, lido o Manifesto Contra a Pobreza e, num mundo em que mais de mil milhões de pessoas passam fome e 200 milhões sobrevivem sem emprego, é necessário manter a esperança, acreditando que esse mundo de fome e miséria pode acabar, daí juntarmos o nosso pequeno gesto, a milhões de outros gestos, pois queremos um mundo: 
  •  sem pobreza e fome!
  • com acesso universal à educação! 
  • sem discriminação de género! 
  • onde crianças não morram desnecessariamente! 
  • onde todas as mães tenham acesso à saúde! 
  • onde não se morra por falta de cuidados médicos! 
  • onde o ambiente seja protegido! 
        Enfim, um mundo unido, solidário e em paz! 

Procedeu-se, finalmente, a uma recolha de alimentos para aqueles que deles precisam e que vivem mesmo “ao nosso lado”. Um grande agradecimento a todos aqueles que apoiaram este projeto e estão conscientes que a mudança é feita de pequenos gestos. 
A equipa da biblioteca

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Bom regresso. Bom trabalho!

Fractal de Mandelbrot


Mensagem a Alunos e Professores
A arte mais importante do professor é a de despertar a alegria pelo trabalho e pelo conhecimento.
«Queridos estudantes!
Regozijo-me por vos ver hoje diante de mim, alegre juventude de um país abençoado.
Lembrai-vos de que as coisas maravilhosas que ireis aprender nas vossas escolas são a obra de muitas gerações, levada a cabo por todos os países do mundo, à custa de muito entusiasmo, muito esforço e muita dor. Tudo é depositado nas vossas mãos, como uma herança, para que a aceitem, honrem, desenvolvam e a transmitam fielmente um dia aos vossos filhos. Assim nós, embora mortais, somos imortais nas obras duradouras que criamos em comum.
Se tiverem esta ideia sempre em mente, encontrarão algum sentido na vida e no trabalho e poderão formar uma opinião justa em relação aos outros povos e aos outros tempos.»

Albert Einstein, in "Como Vejo o Mundo"
A partir de Citador

O valor do esforço – uma história de Isaac Asimov (*)

«Isaac Asimov, num conto com mais de cinquenta anos publicado nos Nove Amanhãs, relata a seguinte história. Num futuro imaginário, as crianças brincam 364 dias por ano e um dia por ano o seu cérebro fica ligado a uma máquina com discos que lhes administram automaticamente todos os conhecimentos de que necessitam. Assim fazem toda a escolaridade e aprendem tudo o que precisam, da primária à Universidade. Todos menos um rapazito.

Desde os 7 anos de idade este rapaz foi obrigado a aprender à maneira antiga: estudando, tendo aulas, esforçando-se, compreendendo, investindo o seu tempo. Enquanto os seus amigos brincavam 364 dias por anos, ele estudava. E assim foi, para sua grande frustração, incompreensão e mesmo revolta, até à idade adulta.

Nessa altura foi chamado pelas classes governantes da sociedade. Começa por expor toda a sua revolta. Porque é que me trataram assim? Porque é eu tive de me esforçar para aprender por mim próprio tudo aquilo que ensinaram aos outros sem esforço? E a resposta foi “Porque tu foste escolhido para escrever os próximos discos”.»
A partir de "Dúvida Metódica"

(*)
Isaac Asimov (2 de janeiro de 1920 — Nova Iorque, 6 de abril de 1992), foi um escritor e bioquímico Norte-americano, nascido na Rússia, autor de obras de ficção científica e divulgação científica.

sábado, 25 de junho de 2011

BOAS FÉRIAS!

Liberdade

Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

Exames 2010 - 2011


Como sabem, após a sua realização, os exames com os respectivos critérios de correcção são disponibilizados on-line no site do Gave.
Aqui fica o endereço:
http://www.gave.min-edu.pt/np3/388.html

BOA SORTE

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O "nosso" Pessoa

Aniversário

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Ciclo de Conferências

Pelo interesse científico e académico, tomamos a liberdade de informar que se inicia hoje o ciclo de conferências do ISAVE (Instituto Superior de Saúde do Alto Ave), integrado nas acções de promoção e divulgação do ISAVE 2011.
Os professores doutores Manuel Sobrinho Simões, Duarte Nuno Vieira, Rui Mota Cardoso, Walter Osswald, Ana Paula Silva Pereira são alguns dos nomes confirmados para as Conferências ISAVE que se vão realizar durante o mês de Junho.
As Conferências ISAVE são um momento único para a valorização pessoal, humana e científica, são espaço de reflexão e ideias para um Portugal mais crítico e activo.
Abertas a todos os que desejarem participar, o Auditório do ISAVE será palco de nomes que, em Portugal e no Mundo, são marcos na Ciência e no Humanismo.
A todos os participantes externos será passado, a pedido do próprio, certificado de presença.

Programa

1. 07 de Junho de 2011 | 17h00
Professor Doutor Rui Mota Cardoso
Sofrimento Humano: Stress e Depressão

2. 15 de Junho de 2011 | 11h00
Professora Doutora Ana Paula Silva Pereira
Apoio às Famílias em Intervenção Precoce

3. 16 de Junho de 2011 | 17h00
Professor Doutor Manuel Sobrinho Simões
Genes e Ambiente na Saúde e na Doença

4. 22 de Junho de 2011 | 17h00
Professor Doutor Walter Osswald
Novos Desafios à Bioética

Associação de Pais
Podem a seguir fazer o download da ficha de inscrição.

terça-feira, 17 de maio de 2011

“Viver e conviver com a deficiência”


No passado dia 6 de Maio de 2011, sexta-feira, teve lugar, na Escola Secundária Francisco de Holanda, a palestra intitulada «Viver e Conviver com a Deficiência». A sessão aberta pela Dr.ª Rosalina Pinheiro, subdirectora e mediada pela Dra. Olga Santos, psicóloga da ESFH, teve como objectivo a consciencialização dos jovens quanto aos obstáculos que os portadores de deficiência encontram tanto a nível social, como profissional.
Após a recepção das diversas turmas no auditório da escola, a plateia foi brindada pela interpretação, por parte do Ricardo Barreto da turma LH2 e da Joana Ribeiro da Escola Secundária das Taipas, de alguns dos temas mais badalados dos filmes de animação, sublimando no espírito daqueles que escutavam, os valores engrandecidos pela Disney.
No primeiro painel, a Dr.ª Rosa Manuela Bastos abordou o tema «Uma Perspectiva de Inclusão Social em Situação Escolar», tendo, para tal, escolhido partilhar a sua vasta experiência enquanto professora de ensino especial e colaboradora da DREN. Entre os exemplos de casos que deu a conhecer, salientou, sobretudo, a determinação, o empenho, a coragem e a força de vontade preponderantes em qualquer jovem, portador ou não de deficiência, como elementos essenciais para o sucesso e a realização pessoal.
Com a referência às mesmas qualidades principiou a Dra. Cristina Dias, psicóloga do IEFP, que nomeou alguns dos projectos disponibilizados a todos os que pretendem entrar no mercado de trabalho - mesmo quando incapacitados a algum nível ou não requeridos pela falta de experiência - transmitindo aos presentes alguns dos direitos assistidos ao trabalhador com deficiência. Além disso, realçou a postura e a atitude do empregado como algumas das mais relevantes características na procura de emprego, mostrando que apenas através de uma luta constante se atingem os objectivos delineados.
No último painel, foi abordada a questão da «Acessibilidade para Todos» desenvolvida pelas alunas Ângela Oliveira e Beatriz Salgado do 12º CT1, que expuseram alguns dos obstáculos com que as pessoas com incapacidade se deparam, no seu quotidiano, na cidade de Guimarães, nomeadamente, no acesso a locais e serviços públicos.
Antes do assunto ter sido aberto a debate, foram visualizados alguns testemunhos de alunos com deficiência, que frequentam a Escola Secundária Francisco de Holanda, em que partilharam com a comunidade educativa experiências e dificuldades. A palestra, à qual se seguiu um pequeno lanche e convívio na biblioteca escolar, foi encerrada com o tema «Estou a Aprender a Ser Feliz» dos Pólo Norte, interpretado pelo aluno Vítor Araújo, da turma 10 LH2.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Astronomia

Para quem gostar de Astronomia, aqui fica o endereço de um blogue de Astronomia: astroPT.

Na sua apresentação escreveram:

"Bem-vindo ao astroPT.
O astroPT é um projecto de astronomia em Portugal.
Este projecto nasceu da necessidade de criar no mundo virtual um local onde se pudessem encontrar diversas sensibilidades de diferentes domínios astronómicos. O astroPT é o local onde profissionais, amadores, amantes, e curiosos de astronomia se reúnem, trocam opiniões, discutem ideias, e informam sobre temas relevantes no sector astronómico."

Podem continuar a ler aqui a apresentação do astroPT.

Vale a pena fazer uma visita!


Foi neste blogue que encontramos a ligação seguinte: http://www.solarsystemscope.com/
Trata-se de um modelo do Sistema Solar, em que é possível “brincar” com várias funcionalidades de forma interativa, permitindo assim aprender de diferentes formas (in astroPt).

Deliciem-se!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Art Project

O projecto Art Project (powered by Google) já está disponível há algum tempo na Net. Com auxílio deste projecto podem visitar-se virtualmente alguns dos museus mais conhecidos a nível mundial.
Para quem ainda não tenha "tropeçado" neste projecto, aqui fica o seu endereço e uma explicação de como funciona.


Visitem-no!

Palestra

sábado, 23 de abril de 2011

Hoje é dia mundial do livro

O Livro

Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, indubitavelmente, o livro. Os outros são extensões do seu corpo. O microscópio e o telescópio são extensões da vista; o telefone é o prolongamento da voz; seguem-se o arado e a espada, extensões do seu braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.
Em «César e Cleópatra» de Shaw, quando se fala da biblioteca de Alexandria, diz-se que ela é a memória da humanidade. O livro é isso e também algo mais: a imaginação. Pois o que é o nosso passado senão uma série de sonhos? Que diferença pode haver entre recordar sonhos e recordar o passado? Tal é a função que o livro realiza.

(...) Se lemos um livro antigo, é como se lêssemos todo o tempo que transcorreu até nós desde o dia em que ele foi escrito. Por isso convém manter o culto do livro. O livro pode estar cheio de coisas erradas, podemos não estar de acordo com as opiniões do autor, mas mesmo assim conserva alguma coisa de sagrado, algo de divino, não para ser objecto de respeito supersticioso, mas para que o abordemos com o desejo de encontrar felicidade, de encontrar sabedoria.

Jorge Luís Borges, in 'Ensaio: O Livro'
Encontrado em Citador

Podem encontrar informações sobre o dia mundial do livro em educare.pt

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Hoje é dia da Terra

Poema da Eterna Presença

Estou, nesta noite cálida, deliciadamente estendido sobre a relva,
de olhos postos no céu, e reparo, com alegria,
que as dimensões do infinito não me perturbam.
(O infinito!
Essa incomensurável distância de meio metro
que vai desde o meu cérebro aos dedos com que escrevo!)

O que me perturba é que o todo possa caber na parte,
que o tridimensional caiba no dimensional, e não o esgote.

O que me perturba é que tudo caiba dentro de mim,
de mim, pobre de mim, que sou parte do todo.
E em mim continuaria a caber se me cortassem braços e pernas
porque eu não sou braço nem sou perna.

Se eu tivesse a memória das pedras
que logo entram em queda assim que se largam no espaço
sem que nunca nenhuma se tivesse esquecido de cair;
se eu tivesse a memória da luz
que mal começa, na sua origem, logo se propaga,
sem que nenhuma se esquecesse de propagar;
os meus olhos reviveriam os dinossáurios que caminharam sobre a Terra,
os meus ouvidos lembrar-se-iam dos rugidos dos oceanos que engoliram
continentes,
a minha pele lembrar-se-ia da temperatura das geleiras que galgaram sobre a
Terra.

Mas não esqueci tudo.
Guardei a memória da treva, do medo espavorido
do homem da caverna
que me fazia gritar quando era menino e me apagavam a luz;
guardei a memória da fome;
da fome de todos os bichos de todas as eras,
que me fez estender os lábios sôfregos para mamar quando cheguei ao mundo;
guardei a memória do amor,
dessa segunda fome de todos os bichos de todas as eras,
que me fez desejar a mulher do próximo e do distante;
guardei a memória do infinito,
daquele tempo sem tempo, origem de todos os tempos,
em que assisti, disperso, fragmentado, pulverizado,
à formação do Universo.

Tudo se passou defronte de partes de mim.
E aqui estou eu feito carne para o demonstrar,
porque os átomos da minha carne não foram fabricados de propósito para mim.
Já cá estavam.
Estão.
E estarão.

António Gedeão, in 'Poemas Póstumos'.

Se desejarem ficar a conhecer um pouco melhor a vida e obra de Rómulo de Carvalho - António Gedeão podem, por exemplo, visitar o sítio http://www.romulodecarvalho.net/






Human Planet é uma nova série de documentários da BBC. Vale a pena ver!

 

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Boas Férias!

SEGREDO

Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...


Miguel Torga (1907-1995)
S. Martinho de Anta (Sabrosa)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Primavera

Para além de ser o Dia Mundial da Poesia, hoje começa também a Primavera, deixemos, então, que Miguel Torga a anuncie em Poesia.

ANUNCIAÇÃO

Surdo murmúrio do rio,
Fresco alegórico  
Primavera
Pompeia
a deslizar, pausado, na planura.
Mensageiro moroso
dum recado comprido,
di-lo sem pressa ao alarmado ouvido
dos salgueirais:
a neve derreteu
nos píncaros da serra;
o gado berra
dentro dos currais,
a lembrar aos zagais
o fim do cativeiro;
anda no ar um perfumado cheiro
a terra revolvida;
o vento emudeceu;
o sol desceu;
a primavera vai chegar, florida.

Miguel Torga


... e António Vivaldi em música:


De: wintermood

Antonio Vivaldi - Quatro Estações
Chamber Orchestra of "Transylvania" State Philharmonic Cluj-Napoca ROMÉNIA
Maestro: Mircea Cristescu
Violino: Stefan Ruha

Hoje é Dia Mundial da Poesia




um excerto de TABACARIA
Álvaro de Campos






(...)

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(...)


Podem ler o poema completo aqui.

domingo, 13 de março de 2011

Bom dia do Pi - 3/14

O dia mundial do número Pi celebra-se todos os anos a 14 de Março, já que no mundo Anglo-saxónico se escreve: 3/14. 

O texto seguinte foi extraído da obra "Contacto", de Carl Sagan.

"No sétimo ano andavam a estudar o “pi”. Era uma letra grega que lembrava a arquitectura de Stonehenge, em Inglaterra: duas colunas verticais com uma trave em cima: π. Medindo a circunferência de um círculo e dividindo-a depois pelo diâmetro do círculo obtinha-se o valor de “pi”. Em casa, Ellie pegou na tampa de um boião de maionese, passou-lhe um cordel à volta e com uma régua mediu a circunferência do círculo. Fez o mesmo ao diâmetro e dividiu um pelo outro. Obteve 3,21. Parecia simples.
No dia seguinte o professor, Mr. Weisbrod, disse que π era cerca de 22/7, aproximadamente 3,1416. Mas, na realidade, se se queria ser exacto, era um decimal que se prolongava indefinidamente sem repetir o padrão dos números. Indefinidamente, pensou Ellie. Levantou a mão. O ano escolar começara havia pouco e ela ainda não fizera nenhumas perguntas naquela aula.
- Como pode alguém saber que os decimais se prolongam indefinidamente?
- Porque é assim – respondeu o professor, com alguma rispidez.
- Mas porquê? Como sabe? Como se podem contar decimais indefinidamente?
- Mr. Weisbrod – o professor estava a consultar a caderneta da turma – essa é uma pergunta estúpida. Está a desperdiçar o tempo da aula.
Nunca ninguém chamara estúpida a Ellie e ela deu consigo desfeita em lágrimas. Billy Hortsman, que ocupava o lugar ao seu lado, estendeu bondosamente a mão e colocou-a sobre a dela. O pai fora recentemente acusado de praticar adulterações nos hodómetros dos carros que vendia e, por isso, Billy estava sensível à humilhação pública. Ellie fugiu da aula a soluçar.
Depois das aulas foi de bicicleta à biblioteca do colégio próximo a fim de consultar livros de matemática. Tanto quanto conseguiu depreender do que leu, a sua pergunta não tivera nada de estúpida. Segundo a Bíblia, os antigos Hebreus tinham aparentemente pensado que π era exactamente igual a 3. Os Gregos e os Romanos, que sabiam montes de coisas a respeito de matemática, não tinham a mínima ideia de que os dígitos de π se prolongavam indefinidamente sem se repetir. Tratava-se de um facto que só fora descoberto havia cerca de 250 anos. Como queriam que ela soubesse, se não podia fazer perguntas?
Mas Mr. Weisbrod tivera razão acerca dos primeiros dois dígitos. Pi não era 3,21. Talvez a tampa do boião da maionese estivesse um bocadinho amachucada, não fosse um círculo perfeito. Ou talvez ela tivesse sido descuidada ao medir o cordel. No entanto, mesmo que tivesse sido mais cuidadosa, não podiam esperar que medisse um número infinito de dízimas.
Havia, porém, outra possibilidade. Podia calcular-se pi tão exactamente quanto se quisesse. Se uma pessoa soubesse uma coisa chamada cálculo, poderia experimentar fórmulas para π que lhe permitiam calculá-lo até tantos decimais quantos o tempo lhe permitisse. O livro enunciava fórmulas para pi dividido por 4. Algumas delas não conseguia pura e simplesmente compreendê-las. Mas havia outras que a fascinavam:
π/4, dizia o livro, era o mesmo que 1- 1/3+ 1/5 - 1/7 + …, com as fracções a continuar indefinidamente. Sem perda de tempo, tentou pôr a fórmula em prática, adicionando e subtraindo as fracções alternadamente. O resultado saltava de maior do que π/4 para menor do que π/4, mas ao fim de algum tempo podia ver-se que esta série de números seguia em linha recta para a resposta certa. Nunca se podia lá chegar exactamente, mas era possível alguém aproximar-se tanto quanto quisesse, desde que fosse muito paciente.
Pareceu-lhe um milagre que a forma de todos os círculos do mundo estivesse conexa com aquela série de fracções. Decidiu aprender cálculo.
Mas o livro dizia ainda mais alguma coisa: chamava-se um número “transcendente”. Não existia nenhuma equação com números ordinários capaz de dar π, a não ser que fosse infinitamente longa. Ela já aprendera sozinha um pouco de álgebra e compreendia o que isso significava. E π não era o único número transcendente. Efectivamente, havia uma infinidade de números transcendentes. Mais do que isso, havia infinitamente mais números transcendentes do que números ordinários, apesar de π ser o único de que ela jamais ouvira falar. Em mais do que um sentido, estava ligado à infinidade.
Tivera um vislumbre de algo grandioso. Escondida entre todos os números ordinários existia uma infinidade de números transcendentes de cuja presença nunca se suspeitaria a não ser que se penetrasse profundamente na matemática. De vez em quando, um deles, como o π, surgia inesperadamente na vida quotidiana. Mas na sua maioria – um número infinito deles, recordou a si mesma – estavam escondidos, metidos na sua própria vida, quase com certeza não vislumbrados pelo irritável Mr. Weisbrod."


 “Contacto”, de Carl Sagan, ed. Gradiva

Kate Bush - Pi

Se seguirem a ligação Viagem ao interior de Pi/O seu nome em Pi encontrarão informações muito interessantes sobre o número Pi.
Já agora, visitem a página do Atractor-Matemática Interactiva, da qual a "Viagem ao interior do Pi" é uma secção. Vale a pena!

 Sub-departamento de Matemática

sexta-feira, 4 de março de 2011

Palestra: REDES SOCIAIS - 10 de Março

Palestra:Os Morros de Nóqui - 10 de Março

PÁGINA EM BRANCO

O grupo constituído pelos alunos: Adriana Mendes, Carolina Pereira,Márcia Araújo, Maria João Marques e Rui Abreu, do 11CT4, participaram no concurso CURTAS DE CINEMA DOCUMENTAL JOVEM com o vídeo “Página em branco”.
Este concurso tem por objectivo distinguir os melhores microfilmes produzidos sobre Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. VOTA NO VÍDEO DOS TEUS COLEGAS! AJUDA-OS A GANHAR!!! RÁPIDO! A VOTAÇÃO TERMINA A 7 DE MARÇO.
http://videos.sapo.pt/Oef7WalReNVDABfILhLP

terça-feira, 1 de março de 2011

Dia Internacional da Língua Materna


Concurso de 
 ESCRITA CRIATIVA
Regulamento

Escritor do mês

MÁRIO VARGAS LLOSA

VIDA

Jorge Mário Pedro Vargas Llosa nasceu em Arequipa (Peru), em 1936. Nascido numa família da classe média, único filho de Ernesto Vargas Maldonado e Dora Llosa Ureta, os seus pais separaram-se após cinco meses de casamento. Vargas Llosa nasce, então, estando já os seus pais separados, o que faz com que conheça o seu pai aos dez anos de idade. A sua primeira infância é passada em Cochabamba, na Bolívia, onde estuda até ao 4º ano, no colégio La Salle. Em 1945, a sua família volta ao Peru e instala-se na cidade de Piura, onde frequenta o 5º ano no colégio Salesiano. Em 1946, muda-se para Lima, onde termina a instrução primária e inicia a formação secundária no Colégio La Salle. É nessa altura que conhece o seu pai. Os pais reconciliam-se e, durante a sua adolescência, a família continuará a viver ali.
Ao completar 14 anos, ingressa, por vontade paterna, no Colégio Militar Leôncio Prado, em La Perla, como aluno interno, ali permanecendo dois anos. Essa experiência será o tema do seu primeiro livro - La ciudad y los perros (A cidade e os Cães), publicado no Brasil como Batismo de Fogo e, posteriormente, como A cidade e os cachorros.
Termina os estudos secundários no Colégio de San Miguel de Piura.
Em 1953, regressa a Lima. Ingressa na Universidad Nacional Mayor de San Marcos, em Lima, a mais antiga da América. Ali estuda Letras e Direito, contra a vontade de seu pai.
Aos 19 anos, casa-se com Júlia Urquidi, irmã da mulher de seu tio materno, e passa a ter vários empregos para sobreviver: é redactor, elabora fichas, resumo de livros e chega, até, a confirmar os nomes inscritos em túmulos, nos cemitérios.
Em 1958, recebe uma bolsa de estudos "Javier Prado" e vai para Espanha, onde obtém o doutoramento em Filosofia e Letras, na Universidade Complutense de Madrid. Seguidamente, vai para França, onde vive durante alguns anos. Em 1964, divorcia-se de Júlia e, em 1965, casa-se com a prima Patrícia Llosa, com quem tem três filhos: Álvaro, Gonzalo e Morgana.
Em 1980, começa a ter maior actividade política no seu país. Em 1983, a pedido do próprio presidente Fernando Belaunde Terry, preside à comissão que investiga a morte de oito jornalistas. Em 1987, inicia o movimento político liberal contra a estatização da Economia, o que ia de encontro ao presidente Alan García. Em 1990, concorre à presidência do país com a Frente Demócrata (Fredemo), partido de centro-direita, mas perde a eleição para Alberto Fujimori.
E retorna a Londres, onde reinicia as suas actividades literárias. Em 2006, na sua mais recente visita ao país, apoia a candidatura de Lourdes Flores, embora o vencedor das eleições tenha sido Alan García. As suas experiências como escritor e candidato presidencial estão expostas na autobiografia Peixe na Água, publicada em 1991.
É membro da Academia Peruana de Línguas, desde 1977, e da Real Academia Española, desde 1994. Tem vários doutoramentos Honoris Causa atribuídos por Universidades espalhadas um pouco por todo o mundo: Europa, América e Ásia.
Foi condecorado pelo governo francês com a Medalha de Honra, em 1985.
Ao longo da sua carreira, Vargas Llosa recebeu vários prémios e condecorações. Entre eles, destacam-se: o Prémio Nacional de Novela do Peru, em 1967, pelo seu romance A Casa Verde; o Prémio Príncipe das Astúrias de Letras, em Espanha (1986); o prémio Cervantes, em 1994.
Finalmente, recebe a distinção máxima a que pode aspirar um escritor, com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura em, 2010.

OBRA
O escritor peruano, Mario Vargas Llosa, foi laureado com o Nobel de Literatura, em parte, por “oferecer uma cartografia de estruturas de poder e pelas suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual”, segundo o Comité responsável pela atribuição do prémio.
Vargas Llosa, em tempos, afirmou que “é o dever moral de um escritor latino-americano estar envolvido em actividades cívicas”. Palavras que ele tem levado a sério.
Em seis décadas de vida pública, Vargas Llosa foi candidato à Presidência peruana, colunista político, Director da P.E.N. Internacional, jornalista interventivo e até defensor neo-liberal do mercado livre. Mas ele é, sobretudo, um escritor e ensaísta prolífico, com uma obra excepcional.
A sua obra critica a hierarquia de castas sociais e raciais, vigente ainda hoje no Peru e na América Latina.
Nos últimos quarenta anos, Vargas Llosa tem tecido mitos alternativos que têm sido impostos aos latino-americanos, por quem os governa. O seu principal tema é a luta pela liberdade individual na realidade opressiva do Peru. A sua primeira grande obra Conversa na Catedral, desenrola-se nos anos cinquenta, durante a ditadura do general peruano Manuel Odria e é um retrato feroz do modo como o regime militar distorce, mas não consegue obscurecer completamente a realidade.
Perguntas directas sobre o poder surgem em todos os seus livros. Mas o que torna Llosa significativo, não é este aspecto ou as suas constantes mudanças em ideologia política (já foi apoiante de Castro, mais tarde, comunista desiludido e até candidato do centro-esquerda), mas antes o modo como, na sua busca incessante, tem deambulado pela história e pelos géneros literários. Muitos dos seus escritos são autobiográficos e caracterizam-se por uma sofisticada técnica narrativa.
Os seus primeiros romances, com temática mais séria, deram lugar a sátiras e paródias e, mais tarde, a obras mais complexas, como Tia Júlia e o Escrevedor, nas quais o desejo pode provocar a confusão cómica na vida das personagens.
Na obra de Vargas Llosa, estes dois mundos – política e sexo – misturam-se, retratando a tendência destrutiva do ser humano para a irracionalidade. A diferença entre o seu romance épico A Guerra do Fim do Mundo, de 1981, que narra uma revolta no Brasil do século XIX e A Festa do Chibo, romance de 2000, sobre o assassinato do ditador dominicano Rafael Trujillo, é significativa. O primeiro é um texto histórico sério, enquanto o último se assemelha a um romance policial político, cheio de relatos das perversões sexuais do Trujillo.
Vargas Llosa é, sem dúvida, uma escolha controversa, uma vez que escreveu muito e algumas obras tiveram mais sucesso do que outras. Segundo Vargas Llosa “um romancista que não escrever sobre aquilo que o estimula e inspira profundamente não é autêntico e é, provavelmente, um mau romancista”. Em 2010, o seu mérito foi reconhecido.




BIBIOGRAFIA

FICÇÃO

Os Chefes (1959)
A Cidade e os Cachorros (Brasil) / A Cidade e os Cães (Portugal) (1963)
A Casa Verde (1966)
Os Filhotes (1967)
Conversa na Catedral (Brasil) / Conversas n’A Catedral (Portugal) (1969)
Pantaleão e as visitadoras (1973)
A Tia Júlia e o Escrevinhador (Brasil) / A Tia Júlia e o Escrevedor(Portugal) (1977)
A Guerra do Fim do Mundo (1981)
Historia de Mayta (1984)
Quem matou Palomino Molero? (1986)
O falador (1987)
Elogio da madrasta (1988)
Lituma nos Andes (1993)
Os cadernos de Dom Rigoberto (1997)
A Festa do Bode (Brasil) / A Festa do Chibo (Portugal) (2000)
O Paraíso na Outra Esquina (2003)
Travessuras da Menina Má (2006)
O Sonho do Celta (2010)

TEATRO

A menina de Tacna (1981)
Kathie e o hipopótamo (1983)
La Chunga (1986)
El loco de los balcones (1993)
Olhos bonitos, quadros feios (1996)

ENSAIO

García Márquez: historia de un deicidio (1971)
Historia secreta de una novela (1971)
La orgía perpetua: Flaubert y «Madame Bovary» (1975)
Contra viento y marea. Volume I (1962-1982) (1983)
Contra viento y marea. Volume II (1972-1983) (1986)
La verdad de las mentiras: Ensayos sobre la novela moderna (1990)
Contra viento y marea. Volumen III (1964-1988) (1990)
Carta de batalla por Tirant lo Blanc (1991)
Desafíos a la libertad (1994)
La utopía arcaica. José María Arguedas y las ficciones del indigenismo (1996)
Cartas a un novelista (1997)
El lenguaje de la pasión (2001)
La tentación de lo imposible (2004)



sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Ferramentas para o sucesso

No próximo dia 23 de Fevereiro, conforme programa abaixo, realiza-se uma conferência subordinada ao tema "Despertar consciências - Ferramentas para o sucesso".
Estão convidados a participarem nesta conferência, inscrevendo-se. Para este efeito podem fazer o download da ficha de inscrição para a qual têm uma ligação em baixo.


Download da Ficha de inscrição:

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A propósito da comemoração do aniversário de Almeida Garrett

João Baptista da Silva Leitão [mais tarde de Almeida Garrett], nasceu no Porto, em 4 de Fevereiro de 1799. Aí passou a primeira infância, num caloroso ambiente burguês que lhe deixaria gratas recordações.
Almeida Garrett passa indubitavelmente por todos os alunos do Ensino Secundário. Em alguns passa simplesmente, mas para outros marca pela sua originalidade.
Vanguardista no seu tempo, escreveu poemas que primaram pela ousadia mas que hoje, vistos com outros olhos, são muito apreciados pelo público em geral.

“Não te amo, quero-te: o amor vem da alma
E eu na alma – tenho a calma
A calma – do jazigo.
Ah! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ah, não te amo, não!

Ah! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

(...)

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.”

Almeida Garrett


Alunos do 12ºCT2
Raquel Neves, Francisca Freitas, Inês Andrade, Luísa Queirós, Marlene Pereira, Joana Castro, Francisco Mendes

Escritor do mês


José Luís Peixoto

É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (Inglês e Alemão) pela Universidade Nova de Lisboa. Antes de dedicar-se profissionalmente à escrita, trabalhou como professor em Praia, Cabo Verde e em várias cidades de Portugal.

Tem publicado poesia e prosa. Recebeu o Prémio Jovens Criadores (área de literatura) nos anos 97, 98 e 2000. Recebeu também em 2008 o Prémio de Poesia Daniel Faria, instituído pela Câmara Municipal de Penafiel.

Em 2001, o seu romance «Nenhum Olhar» recebeu o Prémio Literário José Saramago. Está representado em diversas antologias de prosa e de poesia nacionais e estrangeiras.

Em 2001, publica «A Criança em Ruínas», o seu primeiro livro de poesia. Com edições sucessivas, depressa atinge os 15 mil exemplares vendidos - número muito invulgar para um primeiro livro de poesia.

É colaborador de diversas publicações nacionais e estrangeiras (Time Out, Jornal de Letras, Visão).

Em 2005, escreveu as peças de teatro «Anathema» (estreada no Theatre de la Bastille, Paris) e «À Manhã» (estreado no Teatro São Luiz, Lisboa).

Em 2006, publicou o romance «Cemitério de Pianos». Em 2007, em Zaragoza, este romance recebeu o Prémio Cálamo - Otra Mirada, atribuído ao melhor romance estrangeiro publicado em Espanha nesse ano.

Em 2007 estreou a peça "Quando o Inverno Chegar", no Teatro São Luiz, em Lisboa.

«Nenhum Olhar» (publicado no Reino Unido sob o título «Blank Gaze») fez parte da lista do Financial Times dos melhores livros publicados em Inglaterra em 2007.

Os seus romances estão publicados em França, Itália, Bulgária, Turquia, Finlândia, Holanda, Espanha, República Checa, Roménia, Croácia, Bielorrússia, Polónia, Brasil, Grécia, Reino Unido, Estados Unidos, Hungria, Israel, etc. Estando traduzidos num total de 18 idiomas e sendo distribuídos em mais de 40 países. Os seus romances são publicados em algumas das editoras mais prestigiadas do mundo, como é o caso da Bloomsbury (Reino Unido), Doubleday/Random House (Estados Unidos), Grasset e Folio/Gallimard (França), Einaudi (Itália), Record (Brasil), entre outras.

Em 2008, após a edição de «Nenhum Olhar» nos Estados Unidos (sob o título «The Implacable Order of Things», este romance foi integrado na selecção semestral "Discover Great New Writers" das livrarias Barnes & Noble, sendo o único romance em língua estrangeira a fazer parte dessa lista, o que lhe facultou uma exposição excepcional na maior cadeia de livrarias dos Estados Unidos e do mundo.

Interessante o comentário dos críticos franceses em relação ao romance Cemitério de pianos: 'O romance de José Luís Peixoto é uma proeza literária servida de uma escrita com nervos à flor da pele, de lágrimas e de sensibilidade.' Folio/Gallimard editora

"Cemitério de Pianos" foi um dos 10 romances finalistas do Prémio Portugal Telecom de Literatura (2009).

O Município de Ponte de Sôr criou um prémio literário com o nome de José Luís Peixoto para jovens autores.

Em 2009, Os livros «Morreste-me» e «Gaveta de Papéis» são publicados em braile.

Os seus livros têm tido referências críticas em publicações internacionais de referência como: The Independent, The Guardian, Esquire, Monocle, Metro, Time Out New York, San Francisco Chronicle, El País, El Mundo, ABC, Le Figaro, Le Monde, La Reppublica, Corriere de la Sera, L'Unitá, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, etc.


 


O livro mais recentemente publicado de J. L. Peixoto é o "Livro", lançado no mês de Setembro de 2010.










na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.

JOSÉ LUÍS PEIXOTO, in "A Criança em Ruínas"/ Edições Quasi

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

"Leituras do Desejo em Camilo Castelo Branco"

No próximo dia 2 de Fevereiro, conforme cartaz abaixo, realiza-se uma conferência subordinada ao tema "Leituras do Desejo em Camilo Castelo Branco".
Estão convidados a participarem nesta conferência, inscrevendo-se. Para este efeito podem fazer o download da ficha de inscrição para a qual têm uma ligação em baixo.



Download da Ficha de inscrição:
http://www.box.net/shared/lxps48cuav

domingo, 2 de janeiro de 2011

ANO NOVO

De Luís Vaz de Camões

Jamais haverá ano novo,
se continuar a copiar os erros dos anos velhos.

De Carlos Drummond de Andrade

Receita de Ano Novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consuma
dasnem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

De Miguel Torga

Recomeça…
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…

De Fernando Pessoa

Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errónea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

Também de Fernando Pessoa

Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia: e,
se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos.

Ainda de Fernando Pessoa

Ano Novo
De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que precisamos continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...
Portanto devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo...
Da queda um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro... 

“O Morgado de Fafe em Lisboa”

Os alunos do 10º ano a Escola Secundária Francisco de Holanda assistem à palestra sobre “O Morgado de Fafe em Lisboa” de Camilo Castelo Branco.

No passado dia 23 de Novembro, os alunos do 10º ano dos Cursos Profissionais deslocaram-se à Biblioteca Municipal Raúl Brandão, para assistir à palestra dinamizada pela equipa da biblioteca da escola. A organização esteve a cargo do 12º TSE, no âmbito das actividades de ensino-aprendizagem da disciplina de Técnicas de Secretariado.

Esta palestra visava sensibilizar os jovens para a importância da leitura, neste caso, para a obra de Camilo Castelo Branco, “O Morgado de Fafe em Lisboa”, prefaciada pelo Dr. Cândido Martins.

Os alunos mantiveram-se interessados e atentos ao discurso do orador, tendo colocado algumas questões pertinentes.

A palestra foi encerrada pelo editor da Opera Omnia, José Manuel Costa, que deu particular ênfase à atitude que os jovens devem ter face à leitura, devendo estes saber ler as obras à luz da época em que foram escritas, libertando-se dos estereótipos da actualidade e desenvolvendo o seu espírito crítico.

Manuela Paredes